sexta-feira, 24 de junho de 2011

Acredite em seus sonhos


            Sou daquelas poucas pessoas que ainda acredita nos sonhos. Sou totalmente “conto-de-fadas” neste quesito. Adoro as histórias de sonhos improváveis que deram certo. A começar por mim. Sim, tenho muitos exemplos da minha própria vida que exemplificam muito bem o sonhar, acreditar e conseguir.
            Esta semana estive em São Paulo ministrando uma palestra em uma convenção internacional de modelos. Eram centenas de adolescentes armadas com seus books super-poderosos andando de um lado para o outro. Olhos brilhantes, sorrisos tímidos, pernas finas e trêmulas sobre saltos altíssimos. Meninos e meninas tão novos e tão sedentos por realizar seu primeiro grande sonho. Me comovia profundamente aqueles olhares cheios de esperança. Aquela pressa de dar certo. Senti um respeito tão grande por aqueles sonhos, justamente por ter tido os meus, muito parecidos, um dia.
            Como a maioria das meninas aos 14, 15 anos, eu também sonhava em ser modelo. Gravar comerciais de televisão, sair em capas de revistas, outdoors, desfiles. Mas a verdade é que eu não era exatamente bonita. Não digo feia, mas equivocada. Lutava com o meu cabelo e não sabia dominar os cachos. Na verdade eu os penteava e, quem tem cachos sabe, que isso não se deve fazer jamais! Ainda não tinha tirado a sombrancelha, o que faz a gente nascer de novo!  E para não ser muito dramática, nem vou falar das roupas que eu usava. Enfim, eu passava longe dos padrões de beleza da época. Mas mesmo assim eu me inscrevi em um concurso de beleza. Não que eu fosse totalmente sem noção e me achasse linda, mas era a tal mania de acreditar. Vai que dava uma zebra e alguém me descobria? Afinal eu tinha feito 3 cursos de modelo e manequim e tinha tirado as melhores notas. Disciplinada e aplicada eu era e muito. Devido a isso, li no rodapé da inscrição do concurso, que as candidatas deveriam comparecer à seleção, vestindo jeans e camiseta branca, com os cabelos lavados e sem maquiagem. Ah, tá. Se arrumadinha eu já não era grande coisa, imagina nestas condições? Mas, obediente, segui à risca as orientações. Voltando ao cabelo cacheado, para quem não sabe, é vital usar um creme ou um gel para abaixar os fios. Lavar e sair ao vento é a morte! Sim, foi o que eu fiz. Quer dizer, nunca estive mais feia na vida. Eu, praticamente, potencializei a feiura para ir em um concurso de beleza. Vocês podem imaginar o drama quando eu cheguei lá e me coloquei ao lado de meninas lindíssimas, muito bem vestidas e maquiadas, com seus cabelos cuidadosamente escovados. As orientações do rodapé? Só eu acreditei. Foi constrangedor. Eu já estava quase pedindo um pano para passar no chão e justificar a minha presença ali. Resultado: não passei nem na pré-seleção. Fiquei anos refletindo à respeito, mas não desisti. Aos poucos fui entendendo as exigências da profissão, fazendo cursos, me aperfeiçoando e em 11 anos na agência, ganhei dois concursos, fiz alguns outdoors e, nada mais, nada menos, do que 96 comerciais.
            Agora, alguém vai me dizer que sonhos não acontecem? 

 (escrito em novembro de 2010)

Um comentário: