quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mais surpresas de família


                      Muitas vezes a intenção é ótima, a idéia é muito boa, mas a execução fracassa. Assim são algumas surpresas que tentamos fazer para a família. Neste assunto, a minha é campeã. Colecionamos histórias engraçadas de surpresas que não deram lá muito certo.
            Certa vez minha mãe seria homenageada como “Mãe do Ano”, no Clube Soroptimista, em Curitiba. Eu já morava no Rio e estava atolada de trabalho. Mas achei que seria muito importante para minha mãe a presença das filhas neste evento. Animada com a possibilidade de fazer-lhe uma surpresa emocionante, cancelei meus compromissos e planejei a viagem. Decidi não envolver ninguém da família, assim a surpresa se estenderia a todos. Combinei de ficar na casa de uns amigos e só aparecer, no momento da homenagem. Tudo certo. Nem meu pai, nem minhas irmãs sabiam do plano. Cheguei em Curitiba no domingo e me senti muito estranha por estar na mesma cidade que meus pais e não correr para vê-los. Mas era por um bom motivo. Meus amigos decidiram almoçar fora e escolhemos um restaurante que meus pais não conheciam. Por simples precaução. Entramos conversando e de repente todos pararam e me olharam com cara de sei lá o quê. Digo cara de sei lá o quê, porque não entendi mesmo o que aquelas expressões poderiam significar. Fui correndo os olhos pelo restaurante, como se estivesse em câmera lenta, ainda procurando entender o que se passava. Foi quando pousei o olhar em uma das mesas. Uma família animada me olhava com largos sorrisos nos lábios. Eram tão simpáticos e pareciam tão... familiares. Pisquei sem acreditar! Era a minha família! Num impulso ainda tentei evitar que me vissem. Corri para fora do restaurante e me escondi atrás de uma... grade. Sei que não era muito eficiente mas era o que tinha. Fechei os olhos como se o fato de eu não ver, fizesse com que ninguém me visse também. Neste momento ouvi uma gargalhada muito conhecida. Abri devagar os olhos e pude compreender a situação ridícula em que eu me encontrava. Encolhida atrás de uma grade, bem de frente para uma enorme janela onde, do lado de dentro, minha família assistia a minha tentativa patética de me esconder. A gargalhada era da minha mãe. Na hora ela compreendeu que era mais uma tentativa frustrada de surpresa e desandou a rir. Eu estava realmente inconformada por um lado, pelo fracasso do meu plano, mas extremamente feliz por outro, por antecipar o abraço que eu tanto queria dar nos meus pais. Sentamos para almoçar todos juntos e eu não tenho palavras para descrever o quanto nos divertimos com esta história.
            O que ninguém sabia é que a minha outra irmã estava a caminho de Curitiba com a mesma intenção. Não temos jeito, eu sei. Mas o importante é que, mesmo não saindo como planejado, nossas surpresas se tornam deliciosamente inesquecíveis!

(escrito em setembro de 2011)

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