Com
tantos sites de relacionamento, namoros e amizades virtuais, eu me pergunto:
será que ainda existe “festinha americana”? Quem viveu esta época, por favor,
se acomode aí na cadeira e desfrute comigo deste flash back.
Quando eu tinha meus onze, doze anos
era comum alguém da turma dar uma festa na garagem de casa. Sem dúvida era o
evento social preferido de oito entre dez adolescentes. A característica da
festinha era cada um levar algo para o lanche. Normalmente os meninos levavam refri e as meninas salgadinho. Um aparelho
de som era imprescindível, assim como muitas fitas K7, recheadas com as músicas
lentas mais tocadas na rádio. Pronto, estes eram os ingredientes. Ah, e uma
turma de meninos e meninas arrumadinhos e cheirosinhos. Era muito legal ver
aquela galera que brincava de esconde-esconde, jogava caçador ou andava de
Caloi Cross, chegar com gel no cabelo e uma roupa bem passada. Havia um certo
constrangimento no início, pois os meninos tinham que tirar as meninas para
dançar. O receio deles era ela recusar. O receio delas era não ser tirada. Era
o famoso e temido “chá de cadeira”. Mas uma sábia criatura inventou a “dança da
vassoura”, onde a gente tinha a chance de dançar com os meninos mais bonitos,
mesmo que eles não nos convidassem.
Parece tudo tão perfeito. Mas após esta
rápida explicação não posso evitar as lembranças que me vêm à mente. Como fez
falta, naquela época, um blog sobre defesa e sobrevivência nas festinhas
americanas. Eu que o diga. Fui campeã de micos e trapalhadas. Mas teve uma
festa em especial que bati todos os recordes. Eu, que só usava rabo de cavalo
no colégio, resolvi ir de cabelo solto com a intenção de arrasar na festa. Mal
sabia eu a bomba relógio que eu levava na cabeça. Quando cheguei lá, o salão de
festas do prédio estava escuro com a música no último volume e luzes coloridas
girando. Foi a primeira vez que vi um strobo (aquela luz que pisca e dá a
sensação de estarmos em câmera lenta). Me deu uma vertigem e fiquei parada no
meio da pista, ainda vazia, com as mãos esticadas para frente, como quem está
tendo uma crise de labirintite tentando desesperadamente se equilibrar.
Cambaleando fui até a parede mais próxima, onde me encostei e ali fiquei até
acostumar a vista. Para a minha decepção não tocava música lenta como de
costume. Eu detestei, pois queria dançar com o menino que eu gostava, coisa que
só aconteceria graças à vassoura. Eu quase levei a minha de casa logo para me garantir.
Mas nesta festa nem vassoura tinha e dançar aquelas músicas agitadas estava
fora de cogitação. Infelizmente não tinha youtube naquela época, pra gente
assistir mil vezes o clipe até aprender os passos. Resolvi me aproximar da
rodinha onde o menino estava conversando. Todos munidos com seus copos descartáveis
de refrigerante e eu sem. Foi ali que descobri a utilidade de um copo quando a
gente não sabe o que fazer com as mãos. Se ao menos nessa época tivesse um
celular pra gente ficar mexendo. Tentando ser legal dei risada de tudo que
parecia ser engraçado. Confesso que não estava prestando atenção, devido ao
nervosismo. Foi aí que o pior aconteceu. Numa performance mais elaborada, me
virei gargalhando de olhos fechados e dei com a cara em um extintor de
incêndio. Imediatamente eu virei o
motivo da risada geral e assim que eu recobrei os sentidos, saí de fininho. Tão
de fininho que uma menina trombou comigo e me deu um banho de coca-cola.
Quando minha mãe foi me buscar, passei por um espelho da portaria e só então vi a situação do meu cabelo. Eu parecia o Capitão Caverna depois do susto. Hoje dou graças ao meu bom Deus por não existir facebook ou Instagram naquela época.
Quando minha mãe foi me buscar, passei por um espelho da portaria e só então vi a situação do meu cabelo. Eu parecia o Capitão Caverna depois do susto. Hoje dou graças ao meu bom Deus por não existir facebook ou Instagram naquela época.
(escrito em julho de 2012)
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